Ontem, no programa da TVI, Olhos nos
Olhos, o Professor Doutor António Ferreira, Director do Hospital de S.
João, fez alguns considerandos sobre a ADSE, dizendo que, em sua opinião, a
ADSE deveria ser extinta porque não é financiada a 100% pelos seus utentes.
Com o mesmo argumento, o SNS deveria ser extinto porque não é
comparticipado pelos seus utentes. É 100% financiado pelos impostos de todos os
cidadãos.
Ora, os números ditos pelo Professor Doutor António Ferreira são os
seguintes:
» O Serviço Nacional de Saúde é constituído por verbas do Orçamento do
Estado, no montante de 10% do PIB, cerca de 18.000 M€, e é comparticipado a
100% pelos impostos de todos portugueses, incluindo, obviamente, também dos
funcionários públicos no activo e dos aposentados;
» A ADSE, subsistema de saúde dos funcionários públicos, é constituída
pelas comparticipações dos funcionários públicos, desde a sua tomada de posse
até à morte; este subsistema de saúde gasta, por ano, cerca de 600 M€, e é
subsidiado com os impostos dos portugueses em cerca de 400 M€.
Fazendo contas:
» o SNS gasta 18.000 M€ para 10
M de cidadãos. São gastos com cada um 1.800 €.
» a ADSE, por ano gasta 600 M€,
dos quais 200M€ são das comparticipações dos próprios utentes, para 1 M de
cidadãos. Com cada um gasta-se 600 €. Melhor dizendo, deduzindo as
comparticipações dos utentes, o Estado gasta 400 M€, isto é, gasta com cada
utente da ADSE 400 euros.
Há assim uma diferença que
ninguém quer ver: a ADSE gasta menos, per
capita, que o SNS, 1.400,00 euros por ano!
Os funcionários públicos não são os privilegiados que alguma comunicação
social pretende fazer crer: têm um subsistema de saúde, mas pagam-no, pelo
menos parcialmente, além de pagarem os seus impostos como os demais cidadãos.
E, uma vez reformados, continuam a descontar para reforma, o que não
acontece com os privados que descontam apenas, quando no activo, para a
Segurança Social que não para o SNS.