Nas
modernas democracias ocidentais, nas quais a República de Portugal se insere, existe
uma separação tripartida de poderes para que haja, entre eles, equilíbrio,
através de vigilância mútua, a fim de evitar uma ditadura, seja a ditadura da
Assembleia, do Governo ou dos Juizes.
Assim,
» Poder Legislativo – com base em várias
designações (Parlamento, Assembleia da República ou Assembleia Nacional), com o
poder primordial de produzir a Legislação para além da fiscalização dos actos do
Governo;
» Poder Executivo – o Governo
propriamente dito que dirigirá os diversos departamentos governamentais, ou
seja, dirige a governança nacional, e responde perante a Assembleia;
» Poder Judicial – os Tribunais que
aplicarão em concreto, enquanto terceiros imparciais, a lei ao caso concreto,
dirimindo os conflitos entre cidadãos; entre o patronato e os trabalhadores; a
violação das leis criminais, ou entre o Estado, no seu sentido mais amplo e os
cidadãos, quer as pessoas físicas quer as pessoas jurídicas.
Para
melhor existirem esses equilíbrios, os Partidos Políticos, cuja existência é
fundamental nas verdadeiras democracias, realizam acordos entre si de várias
maneiras: antes (acordos pré-eleitorais)
ou depois das eleições legislativas (acordos
pós-eleitorais) com vista a alcançar uma base de apoio parlamentar para
suportar um Governo concreto.
Assim tem sido ao longo dos últimos anos, também em
Portugal, com os acordos pré ou pós-eleitorais, com os partidos coligados na constituição
do Governo – governos com membros do CDS, PS e PSD (ordem alfabética) que acabaram
por ser designados por partidos do arco da governação por cujos membros
integrarem os vários governos ao longo dos tempos, seja como Ministros ou como
Secretários de Estado.
Nos
últimos dias, assistiu-se a uma alteração radical do anterior estado de coisas
– a tradição já não é o que era – dado que os partidos com menos votos
coligaram-se, embora em acordos separados, para demitirem o Governo indigitado.
Mas no putativo
governo a constituir, com base no PS, segundo notícias vindas a público, os
partidos que acordaram pós-eleitoralmente não integrarão o Governo, isto é, não
farão ainda parte do arco da governação, por opção própria, auto-excluindo-se,
ou por opção de terceiros. O futuro governo, ao que tudo indica, será de
suporte parlamentar e não de coligação.
Afinal,
o tão falado arco da governação
continua a ser constituído, apenas, pelo CDS, PS, PSD (por ordem alfabética).
IN Jornal de Matosinhos nº 1822, de 20 de Novembro de
2015