Na capital
concelhia as poucas zonas verdes existentes são o que são: as ervas daninhas
são uma constante e a relva só é aparada de vez em quando, ficando
exageradamente alta. A relva deveria ser substituída por um prado com flores
silvestres, de várias cores, que embelezaria muito mais e não necessitaria de
tratamentos especiais (seria a natureza na sua plenitude!). E, no Verão, à
falta de rega, ficaria tudo muito melhor, já que, com a ausência de rega, a relva
não ficaria castanha com o stress
hídrico.
Os dois
jardins da cidade, o de Basílio Teles, na freguesia de Matosinhos, e de Dr. Fernando
Oliveira, em Leça da Palmeira, são uma sombra do que foram. O Basílio Teles tem
cada vez mais construções e a zona verde deveria ser alargada, pelo menos até
ao meio da larga faixa de pedra, onde se localiza o lago central com os repuxos,
mesmo em frente do Domus Municipalis.
Mas como a relação entre a Câmara e os relvados é o que é (veja-se o estado dos
outros locais onde existe relva), talvez a relva artificial cumprisse as suas
funções visuais.
O
estacionamento automóvel é caótico. Estaciona-se em zonas zebradas limitadas
com linha contínua (que nem podem ser pisadas), nos viadutos, nas rotundas, nas
paragens dos autocarros (ainda que devidamente pintados a vermelho), nas
passadeiras, nas zonas verdes, em contramão, em segunda fila, nos locais
proibidos pela sinalização horizontal e vertical. As bicicletas, equiparadas a
automóveis, circulam livremente pelos passeios e, nas passadeiras, não são
levadas à mão.
Não se
respeitam as linhas contínuas, nem os semáforos, nem os sinais de
obrigatoriedade de virar à direita ou à esquerda. Condutores com o telefone na
mão são às centenas e em contramão são mais que muitos.
No trânsito é
o caos total. E ninguém vê!
E as
acessibilidades?
As
acessibilidades para as viaturas a motor são as melhores que há. Mas essas como
têm motor – não são movidas a força muscular – não têm quaisquer problemas. Mas
as “outras”? As movidas a força muscular?
Em tempos,
Matosinhos recebeu a bandeira de Ouro da Mobilidade por ter iniciado alterações
de fundo para possibilitar o trânsito de pessoas com mobilidade condicionada,
tendo sido criada, na via pública, entre a estação do metropolitano de superfície
(denominada Município) e o Domus
Municipalis uma zona sem barreiras, embora o acesso aos estabelecimentos
comerciais seja, em alguns casos, totalmente inacessível.
Muito foi,
então, feito, mas foi Sol de pouca dura.
Depois disso, está tudo na mesma. Os acessos aos estabelecimentos comerciais no
seu sentido mais amplo só é acessível, não por causa da mobilidade de uns
tantos cidadãos, mas por causa dos carrinhos das compras, nos centros
comerciais. Em tudo o mais está tudo na mesma – as barreiras arquitectónicas
são uma constante.
Um lugar de
estacionamento para cidadão de mobilidade condicionada, na Av. Dr. Fernando
Aroso, entre o BPI e a Junta de Freguesia, foi eliminado embora fosse o local
ideal para quem desejasse ir aos correios, aos cafés, ao banco e à própria Junta
de Freguesia. O local foi mudado para a Rua Direita, do outro lado da Avenida, muito
mais afastado dos locais de destino. E quem tem dificuldades de locomoção …
Os acessos a
cafés, a restaurantes, a alguns estabelecimentos bancários (a maioria), às
seguradoras (a maioria) é totalmente impossível, porquanto a Lei continua por
cumprir por inércia das autoridades fiscalizadoras (leia-se as autoridades
municipais).
Alguns
passeios estão totalmente ocupados pelas esplanadas (mesas e cadeiras) e alguns
pelas belas caixas do Mar à Mesa, chegando-se a ponto de uma
rua, em Leça da Palmeira, estar vedada com barreiras metálicas, presas com um
cadeado(!), portando-se como proprietários da via pública, certamente com o
beneplácito municipal.
É conditio sine qua non para a uma praia
ser concedida a Bandeira Azul ter, no mínimo, um lugar de estacionamento
reservado a pessoas com mobilidade condicionada. Ora, na Praia do Aterro existe
apenas um lugar de estacionamento localizado a mais de 150 metros da entrada
acessível, em violação da secção 2.8 do anexo ao Decreto-Lei nº 163/2006 –
normas técnicas para melhoria da acessibilidade das pessoas com mobilidade
condicionada – violação da localização e do número de lugares reservados.
As escadarias
na via pública e nos acessos aos edifícios onde funcionam Serviços Públicos –
por exemplo, os edifícios das Juntas de Freguesia – não existem os corrimãos (a
título meramente exemplificativo, as escadarias da Rua da Congosta do Abade à
Rua de Hintze Ribeiro, apesar de recentemente remodeladas não foram
contempladas com os obrigatórios corrimãos, nem as escadarias existentes no
acesso à Avenida da Liberdade pela Rua Sarmento Pimentel, em frente à piscina
das marés), nem à saída da Ponte Móvel para a Rua da Congosta do Abade.
Para
terminar.
Lembro-me das
palavras proferidas, há uns anos, por um autarca local, já, ao tempo, com
grandes responsabilidades: agora sinto as
dificuldades das cadeiras de rodas. Tenho uma filha e sinto a dificuldade de
transitar com ela no seu carinho de bebé. Pois. Só que a criança cresceu e
não mais precisou do seu carrinho mas os problemas continuam … … para os
outros.
As cidades
devem ser pensadas para os cidadãos que nelas vivem e não o contrário, daí que
se diga sempre o mesmo nas campanhas eleitorais: os cidadãos primeiro!
_________________________________________________________________
Curiosidades:
» Matosinhos deve ser a única cidade do Mundo que tem duas
avenidas com o mesmo nome. Existem, na cidade, duas Avenidas da Liberdade. Uma,
em Leça da Palmeira, frente ao mar, e outra em Matosinhos, à entrada pela
auto-estrada (IP4), antes da Av. da República. Quantos metros terá? 100? 200?
» No início do IP4 existe uma placa publicitária ilegal, em
violação do artigo 5º do Código da Estrada. De noite, os automobilistas são
encadeados com a sua forte luminosidade. E ninguém a vê: nem a PSP, nem a GNR,
nem a Polícia Municipal.
In Jornal de Matosinhos nº 1749, de 27 de Junho de 2014