sexta-feira, 13 de março de 2015

ÁREA METROPOLITANA DO PORTO

Ao longo dos anos, o conceito de Grande Porto foi mudando ao sabor das correntes políticas com vista à obtenção de força no concerto nacional, isto é, contra o poder concentracionário lisboeta.
Mas, porque essa união é artificial, os objectivos nunca foram nem serão atingidos.
É que o Grande Porto passou a abranger municípios que nada, mas mesmo nada, têm a ver com o Porto – dele estão afastados algumas dezenas de quilómetros e a descontinuidade geográfica é patente.
De facto, o que une Arouca, Espinho, Oliveira de Azeméis, Paredes, Póvoa de Varzim, Santa Maria da Feira, Santo Tirso, São João da Madeira, Trofa, Vale de Cambra e Vila do Conde a Gondomar, à Maia, a Matosinhos, ao Porto e a Valongo e a Vila Nova de Gaia?
Não existem, por exemplo, infra-estruturas comuns a todos eles, como por exemplo transportes públicos que unam os centros cívicos de todos os municípios que constituem a área Metropolitana do Porto.
Surgiu, agora, a Frente Atlântica que, por sua vez, integra, dos 17 municípios da Área Metropolitana do Porto apenas três – Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia – com um argumento velho de séculos quando é oportuno. É que a política tem razões que a razão desconhece: descobriram, finalmente!, que há uma descontinuidade geográfica na orla marítima portuguesa. Isto é, segundo os mapas, não há contiguidade entre Espinho e Vila Nova de Gaia e entre Vila do Conde e Póvoa de Varzim com Matosinhos. E assim é, de facto.
Tal como não existe uma contiguidade geográfica entre o Grande Porto com Arouca, Espinho, Oliveira de Azeméis, Paredes, Póvoa de Varzim, São João da Madeira, Trofa, Vale de Cambra, Vila do Conde.
Basta olhar-se para um bom mapa para saltar aos olhos que a construção da Área Metropolitana do Porto é puramente política, artificial, portanto, já que nada há que una esses municípios.
A conurbação é um conceito geográfico sério para ser levado com seriedade pelos políticos. Mas não o é (*). E depois, quando surgem as oportunidades na defesa de interesses que só a alguns dizem respeito, os outros são postergados com argumentos interessantes, “deitando-se às urtigas” os valores que conduziram à união anterior.

_________________________________________________________________________
(*) Conurbação é um conceito geográfico para designar o fenómeno derivado da expansão da malha urbana que vai ocupando os terrenos adjacentes às cidades a ponto de as unirem, constituindo uma única malha urbana como se fosse apenas uma cidade. Os limites municipais deixam de ser apercebidos e começam a ser utilizados conjuntamente as mesmas infra-estruturas e os mesmos serviços.
É o que acontece, por exemplo, quem sai do Porto, da Areosa, pela Av. D. Afonso Henriques: passa pelos municípios de Porto, Gondomar, Maia e Valongo sem que disso se dê conta. E na Estrada da Circunvalação: quem nela circula não sabe quando sai de Matosinhos e entra no Porto ou em Gondomar. Ou quem sai da Foz Velha e entre em Matosinhos-Sul não se apercebe que mudou de município.


IN Jornal de Matosinhos nº 1784, de 27 de Fevereiro de 2015

Sem comentários:

Enviar um comentário