O termo “austeridade” tem sido, ultimamente, muito
utilizado, quando se discutem as dívidas soberanas dos países, nomeadamente dos
europeus.
Mas o que significa, no campo da economia, o termo
austeridade?
Antes de mais, sem rigor das despesas públicas os sucessivos
défices orçamentais são preenchidos com a obtenção de empréstimos que se vão
acumulando, chegando a um ponto tal em que o pagamento das dívidas aos
credores se torna verdadeiramente
insuportável.
Pode ser utilizado, igualmente com o mesmo rigor
científico, no âmbito das despesas privadas, quer das famílias quer das
empresas.
Todos sabemos que não podemos gastar mais do que
auferimos, isto é, ninguém, mesmo ninguém, pode consumir mais que do recebe
(nas famílias), ou arrecada de impostos (nos Estados) ou factura (nas
empresas). Quando isso acontece – isto é, quando as verbas que saem são
superiores às que vão entrando – só com a obtenção de empréstimos é possível
equilibrar as finanças. Mas isso obriga a encargos suplementares com a
amortização do capital e dos juros. E assim sendo, como é, esses encargos
suplementares obrigam a uma contenção dos outros gastos para que as finanças
familiares/empresariais/municipais/estaduais/nacionais não entrem em ruptura,
ou, como agora se diz, em default.
Uma boa gestão das finanças familiares ou empresariais ou
municipais ou estaduais ou nacionais obriga a uma renegociação constante dos
débitos, jogando com a obtenção de novos empréstimos, caso os juros sejam mais
favoráveis, para com estes se amortizarem outras dívidas que tenham juros mais
altos.
Mas claro está que a obtenção de empréstimos sucessivos
fará com as que verbas destinadas às outras despesas vão diminuindo, isto é,
corta-se nas outras rubricas orçamentais. E entra-se, então, na austeridade, no
corte das despesas familiares, nas despesas empresariais e nas despesas
públicas.
Se as famílias que entram em ruptura financeira estão em
insolvência, tal como as empresas, o mesmo acontece aos Municípios e aos
Estados.
E as notícias mostram que um Município nos Estados Unidos
– Detroit – entrou em insolvência e um País também o está: a Argentina.
Claro que a austeridade – cortes das despesas com vista à
diminuição do défice – conduzirá ao empobrecimento das populações por via de
várias medidas: diminuição de salários e pensões e diminuição do investimento,
o que, por sua vez, aumenta o desemprego.
E, para que isso não acontece, as famílias, as empresas,
os Municípios e os Estados devem ter as suas finanças equilibradas, isto é,
gastar apenas aquilo que podem, obtendo empréstimos somente para a aquisição de
bens e de serviços produtivos, geradores, portanto, de riqueza.
IN Jornal de Matosinhos nº
1783, de 20 de Fevereiro de 2015
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