sexta-feira, 14 de agosto de 2015

ESTATÍSTICAS


Para o cidadão comum, a estatística é a arte de provar a mentira, já que, decerto, lembrar-se-ão todos das questões do frango ou das bebidas ou do consumo de tabaco (*).

Quando se utilizam percentagens e não números concretos, os números constitutivos das estatísticas são torturados até dizerem o que convém a cada um dos autores, isto é, as percentagens são utilizadas de harmonia com os interesses individuais no terreno.

            Os índices são isso mesmo: percentagens sobre um valor imaginário. O rendimento per capita, o consumo per capita, as taxas do desemprego, a taxa da dívida pública, etc, etc. nada dizem de concreto ao cidadão comum.


            Emprego / Desemprego:

            Segundo o INE, Portugal tinha, em 2014, uma população residente de 10.374.822 indivíduos, entre nacionais e estrangeiros. Considerando a população entre os 15 e os 74 anos, a população empregada, em Junho de 2015, era de 4.492.700, tendo aumentado 24.600, e os desempregados 636.400.

            Comparando os dados mais recentes:


Junho de 2014
Junho de 2015
População empregada (dos 15 aos 74 anos)
4.437.500
4.492.700
População desempregada (dos 15 aos 74 anos)
741.600
636.400



            Ainda, segundo o INE, no Município de Matosinhos, havia, em Junho de 2015, 11.219 desempregados, sendo 5.504 homens e 5.715 mulheres. Do total dos desempregados, 875 procuravam o 1º emprego e 10.344 um novo emprego. Destes, 6.032 estavam à procura de emprego há mais de um ano.


            Dívida Pública:

            Fala-se muito em % do PIB, mas nada se diz em valores absolutos. O valor relativo (percentual) variará não apenas com a subida ou a diminuição do montante em dívida, mas também em função do aumento ou da diminuição do Produto Interno. Também, este valor percentual nada diz ao cidadão comum.

            Agora se dissermos que a dívida pública de um país, seja ele qual for, tem origem no excesso das despesas públicas relativamente às receitas dos impostos e taxas – o défice orçamental –, sendo que esse excesso de despesa é pago através de empréstimos contraídos (entre os seus nacionais, como faz a Itália, ou no estrangeiro, como faz Portugal), a percepção do cidadão já será outra.

            E essa evolução tem sido a seguinte:

Em 31 de Maio de 2011
164.348 M€
Em 31 de Dezembro de 2011
174.895 M€
Em 31 de Dezembro de 2012
194.466 M€
Em 31 de Dezembro de 2013
204.252 M€
Em 31 de Dezembro de 2014
217.126 M€
Em 31 de Maio de 2015
224.155 M€



            Verifica-se que, entre 31 de Maio de 2011 e 31 de Maio de 2015, a dívida pública aumentou 59.807 M€, não obstante todos os sacrifícios feitos pelos residentes em Portugal, por via de diminuição dos rendimentos (salários e pensões) e o aumento dos impostos.

            Mas temos que ser intelectualmente honestos e notar que, em 2011, Portugal pediu um empréstimo de 78.000 M€ à Troika, que foi sendo recebido em tranches trimestrais, de harmonia com as avaliações sucessivas feitas, ao tempo, pela mesma Troika. Se isso não tivesse acontecido, a dívida pública actual seria bem menor, seria, em 31 de Maio de 2015, de 146.155 M€ (sem considerar os juros a pagar pela contratação de tal empréstimo). Mesmo assim, uma exorbitância!

            Enquanto não for reduzida drasticamente a despesa pública (já que está esgotada a possibilidade de aumento dos impostos), o défice orçamental continuará a existir, com o consequente aumento da dívida pública.

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(*) Aqueles exemplos que vêm nos jornais: o consumo per capita de álcool, de certos produtos (frango, por exemplo), em que o consumo é de x litros de álcool por habitante, (sabendo-se que há muita gente que não bebe álcool), de, num determinado evento, o consumo ter sido de ½ frango per capita, quando havia outros produtos alimentares a serem servidos.



IN Jornal de Matosinhos nº 1808, de 14 de Agosto de 2015

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