Em alguns países
da União Europeia a natalidade tem vindo a diminuir, pondo em risco o futuro
desses países a menos que se verifique uma forte imigração de outros povos para
equilibrar a população actual (1).
E Portugal
está, igualmente, a braços com uma forte diminuição da sua natalidade ao ponto
dos demógrafos afirmarem que, dentro de alguns anos, são mais os idosos que o
resto da população, pondo em risco a própria existência da Nação Portuguesa (2).
Para todos os
problemas existem soluções políticas que devem ser adoptadas. Mas quais, se a
República Portuguesa vive uma situação financeira conhecida de todos?
Para cumprir
as metas do défice orçamental público, as despesas não podem aumentar, pelo que
estão, desde logo, em risco as possibilidades do aumento ou a generalização do subsídio de casamento a atribuir aos
casais que, potencialmente, possam vir a gerar descendência (3), o subsídio de nascimento, o subsídio de aleitação e o abono de família.
Se se quiser
ir pelo lado da diminuição da receita, há que fazer, no imposto sobre o
rendimento dos casais (IRS), uma discriminação positiva entre os casais com
filhos e sem filhos a cargo, ou atribuindo um coeficiente a cada um dos descendentes
ou criando uma verba fixa por cada descendente em função da idade e do nível de
escolaridade que frequenta.
Há, ainda, um
outro problema que urge resolver: o da habitação.
Um casal com descendência e em função do tamanho do respectivo agregado,
necessitará de uma habitação maior, e as rendas aumentarão em flecha. Uma das soluções
é a atribuição de um subsídio de renda, o que irá aumentar, ainda mais, a
despesa.
Ainda se
colocam outras questões:
1.
Os
fornecedores de água, de electricidade e de gás cobram o aluguer dos respectivos
contadores, [o que é ilegal, sem que alguém se importa com isso] e o valor da
facturação depende dos respectivos consumos que, face há existência de
escalões, aumentará, obviamente, nos agregados maiores. Aqui existe uma
injustiça, ainda que relativa: os valores facturados não são proporcionais ao número
de pessoas do respectivo agregado familiar, pelo que as autoridades políticas
terão aqui, também, uma palavra a dizer.
2.
Devem
ser tomadas medidas de política familiar, tais como os horários de funcionamento dos infantários (não faz sentido terem o
actual horário de funcionamento e encerrarem nos períodos de férias escolares,
v.g. no Natal, na Páscoa e no Verão, precisamente quando são mais precisos), horários de trabalho flexíveis e a equiparação entre os dois sexos, já que
facilitarão a compatibilidade entre as famílias e as profissões dos respectivos
progenitores.
3.
A
actual instabilidade social, fruto das medidas governamentais com vista à
diminuição da despesa pública, com o aumento do desemprego e insegurança da
manutenção dos postos de trabalho, quer públicos quer privados, também em nada
ajuda a encontrar uma solução para este problema.
Não é um problema de fácil resolução
como muitos apontam.
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(1) –
Perante o declínio da natalidade europeia, alguns países já vêem o fantasma do
dia em que os descendentes dos imigrantes serão mais numerosos que os
autóctones (v.g. Alemanha).
(2) –
Não atingindo o nível de substituição (2,1 filhos por mulher) a população
portuguesa vai, num futuro próximo, baixar para pouco mais de metade da
população actual (para cerca de 5,5 milhões de habitantes). Actualmente, são
uma excepção os casais com dois ou mais filhos, enquanto a norma é de um filho
por casal.
(3) –
Aos casais heterossexuais em idade fértil.
IN Jornal de
Matosinhos nº 1755, de 8 de Agosto de 2014
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