sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

ILUMINAÇÃO

Não resisti à tentação de voltar a publicar, na sua maior parte, um texto inserto nas páginas do nosso JM de 11 de Dezembro de 2009:
Chegando a quadra natalícia, logo milhares de lâmpadas são montadas nas nossas ruas e edifícios públicos, iluminando a noite, dando muita cor e luz, com um único fito: animar o consumismo!
Só que tudo isto tem um senão.
Ainda não há muito tempo, o senhor Eng.º José Sócrates, Primeiro-Ministro, a propósito das energias alternativas, salientou para quem realmente o quis ouvir, que o nosso grande problema económico é a nossa dependência do exterior, pelo que deveríamos todos de contribuir para a diminuição das importações. E que à cabeça das importações estava o petróleo e o gás.
A nossa produção eléctrica depende, em muito do petróleo e do cavão. E não tendo Portugal nenhuma riqueza natural nestes dois campos, tudo o que consumimos é importado, pelo que há a premente necessidade de diminuirmos a nossa dependência, com isso libertando o pesado fardo que pende sobre nós.
Mas muito do que o nosso Primeiro-Ministro disse caiu em saco roto.
Foram montadas milhões de lâmpadas nas iluminações das nossas cidades, vilas e aldeias, e muitos quilómetros de mangueiras de luz, e por muito pouco que consuma cada uma das lâmpadas de per si, todas em conjunto consumirão muitíssimo.
Quanto custa, por dia, a iluminação da árvore montada no Parque Eduardo VII, em Lisboa? Quantas toneladas de petróleo e de carvão serão necessárias para produzir a electricidade consumida só com a iluminação daquela árvore?
Convém não esquecer que o exemplo vem sempre de cima: a população, no seu conjunto, tem os olhos postos no comportamento daqueles que nos vão governando: era uma altura muito boa, aproveitando a crise internacional, de se começar a orientar a vontade colectiva de Portugal no sentido da poupança energética.
De que vale estarmos nós em casa a substituirmos as lâmpadas incandescentes por lâmpadas de poupança se, depois, o que vemos é o puro consumismo?
a)     Porque tem de haver, à custa do Povo, e para mais num Estado Laico, iluminações natalícias feitas com os impostos pagos por todos, laicos ou não, ateus ou não, cristãos ou não?
b)     Porque temos de ter as artérias das nossas cidades super-iluminadas com holofotes de baixo para cima, iluminando as nuvens?
c)      Porque temos de ter os nossos monumentos iluminados com tanta profusão de luz e cor?
d)     Porque haveremos de ter os túneis iluminados de tal modo que a luz quase nos cega?
e)     Porque haveremos de ter as cabinas dos nossos elevadores iluminadas 24 horas por dia, 365 por ano, mesmo quando estão paradas?
Não será chegada a hora de se pensar em poupar um pouco?

IN Jornal de Matosinhos nº 1775, de 26 de Dezembro de 2014


Sem comentários:

Enviar um comentário