Não resisti à tentação de voltar a publicar, na sua maior
parte, um texto inserto nas páginas do nosso JM de 11 de Dezembro de 2009:
“ Chegando a quadra natalícia,
logo milhares de lâmpadas são montadas nas nossas ruas e edifícios públicos,
iluminando a noite, dando muita cor e luz, com um único fito: animar o
consumismo!
Só que tudo isto tem um senão.
Ainda não há muito tempo, o senhor Eng.º José Sócrates,
Primeiro-Ministro, a propósito das energias alternativas, salientou para quem
realmente o quis ouvir, que o nosso grande problema económico é a nossa
dependência do exterior, pelo que deveríamos todos de contribuir para a
diminuição das importações. E que à cabeça das importações estava o petróleo e
o gás.
A nossa produção eléctrica depende, em muito do petróleo
e do cavão. E não tendo Portugal nenhuma riqueza natural nestes dois campos,
tudo o que consumimos é importado, pelo que há a premente necessidade de
diminuirmos a nossa dependência, com isso libertando o pesado fardo que pende
sobre nós.
Mas muito do que o nosso Primeiro-Ministro disse caiu em
saco roto.
Foram montadas milhões de lâmpadas nas iluminações das
nossas cidades, vilas e aldeias, e muitos quilómetros de mangueiras de luz, e
por muito pouco que consuma cada uma das lâmpadas de per si, todas em conjunto consumirão muitíssimo.
Quanto custa, por dia, a iluminação da árvore montada no
Parque Eduardo VII, em Lisboa? Quantas toneladas de petróleo e de carvão serão
necessárias para produzir a electricidade consumida só com a iluminação daquela
árvore?
Convém não esquecer que o exemplo vem sempre de cima: a
população, no seu conjunto, tem os olhos postos no comportamento daqueles que
nos vão governando: era uma altura muito boa, aproveitando a crise internacional,
de se começar a orientar a vontade colectiva de Portugal no sentido da poupança
energética.
De que vale estarmos nós em casa a substituirmos as
lâmpadas incandescentes por lâmpadas de poupança se, depois, o que vemos é o
puro consumismo?
a)
Porque tem de haver,
à custa do Povo, e para mais num Estado Laico, iluminações natalícias feitas com
os impostos pagos por todos, laicos ou não, ateus ou não, cristãos ou não?
b)
Porque temos de
ter as artérias das nossas cidades super-iluminadas com holofotes de baixo para
cima, iluminando as nuvens?
c)
Porque temos de
ter os nossos monumentos iluminados com tanta profusão de luz e cor?
d)
Porque haveremos
de ter os túneis iluminados de tal modo que a luz quase nos cega?
e)
Porque haveremos
de ter as cabinas dos nossos elevadores iluminadas 24 horas por dia, 365 por
ano, mesmo quando estão paradas? “
Não será chegada a hora de se pensar em poupar um pouco?
IN Jornal de Matosinhos nº
1775, de 26 de Dezembro de 2014
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