Portugal é uma República Europeia em que a legislação
sobre a integração das pessoas de locomoção condicionada, em razão de doença,
acidente ou tão-somente decorrente da idade, é das mais avançadas da Europa,
talvez mesmo do Mundo!
Na letra
da Lei impressa na Folha Oficial – o Diário da República – é uma verdade
indesmentível, e para melhor a fazer cumprir, inúmeros municípios, se não mesmo
a sua totalidade, até têm um vereador exclusivamente dedicado a esta temática –
o vereador da mobilidade – além de um sempre atento Provedor do Deficiente de
que quase ninguém ouve falar e muito menos sabe o que faz.
Isto
tudo vem a propósito da celeuma que nasceu na Cidade de Viana do Castelo em que
uma Comissão da Igreja Católica Apostólica Romana teve por bem semear numa
artéria da cidade – na Estrada Nacional N13-6 – centenas de pilaretes em ferro
a fim de impedir o estacionamento nos acessos ao ex-libris de Viana do Castelo
– a Igreja de Santa Luzia –, e dali poderem apreciar a bela paisagem a seus
pés: a cidade de Viana do Castelo e a Foz do Rio Lima.
E para
isso teve de contar com o beneplácito do respectivo município e, quem sabe, das
Estradas de Portugal.
Mas não
é só em Viana do Castelo. Antes fosse!
Aos
poucos, os acessos a locais certos e determinados vão sendo fechados a pessoas
de locomoção condicionada.
Exemplificando:
»» Em
Matosinhos, depois das obras de recuperação da Casa de Chá da Boa Nova, esta
continua inacessível, não obstante ser um Monumento Nacional! E além disso, foi
proibido o acesso a viaturas automóveis à Capela da Boa Nova (o acesso agora só
é permitido para serviço de abastecimento do restaurante da Casa de Chá da Boa
Nova).
E, na
praia do Aterro, existe apenas um único local reservado a pessoas de locomoção
condicionada e bem longe, por sinal, do acesso à praia.
»» Na
cidade Invicta, na Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto, é proibido o acesso a
viaturas automóveis ao terreiro fronteiro à Sé. Contrariamente à situação
anterior, agora estão colocados, à entrada e em ambos os lados do arruamento –
a Calçada da Vandoma – as respectivas
placas bem visíveis impeditivas desse acesso.
Ao longo
do Rio Douro, desde a Rotunda da Estrada da Circunvalação, bem junto do
Edifício Transparente, até à Ponte Luiz I – cerca de 10 quilómetros, não existe
um único local reservado ao estacionamento para pessoas de locomoção
condicionada.
»» Na
Cidade de Vila Nova de Gaia repete-se a mesma cena – desde a Ponte Luiz I até à
foz do Rio Douro, não existe um único local de estacionamento para pessoas de
locomoção condicionada.
Será que
os ilustres autarcas não se lembram que também eles, um dia – porque a idade
não perdoa –, necessitarão de aceder a um local agora impedido? Ou perfilham a
ideia de que tais cidadãos deveriam estar escondidos em casa, longe dos olhares
dos demais, na esteira da senhora Dra. Estrela Serrano, insigne professora de
um jornalismo muito em voga, no seu labéu contra a careca da Dra. Laura
Ferreira, cônjuge do senhor Primeiro-Ministro de Portugal?
IN Jornal de Matosinhos nº 1805, de 24 de Julho de 2015
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