Em
Portugal, as receitas do Turismo ultrapassaram, em 2014, os 10 mil milhões de euros,
graças ao aumento do turismo, fruto de vários factores exógenos, entre eles a
instabilidade no Norte de África (Tunísia e Egipto), e que urge saber aproveitar.
O
município de Matosinhos está, turisticamente falando, estrategicamente situado,
pois tem dois centros muito importantes para a recepção de turistas: o aeroporto
Francisco Sá Carneiro e o Porto de Leixões.
Mas o
que é que Matosinhos tem a oferecer a quem nos visita?
No
aeroporto, aterram diariamente algumas dezenas de aviões, muitos deles
denominados low cost graças aos
preços que praticam, e, no Porto de Leixões, existem dois terminais de
passageiros, sendo que um deles, de tão recente, que ainda não foi inaugurado
oficialmente, embora esteja em uso há algum tempo.
Essa procura tem várias consequências, embora algumas
delas sejam nefastas, que levam a que algumas cidades europeias, como Barcelona
e Veneza, estejam a pensar como fazer diminuir a procura turística:
» A criação de emprego no sector da hotelaria e
restauração e nas novas oportunidades de negócios que vão surgindo aos
empreendedores (os Tuk Tuk, os autocarros anfíbios, o aluguer de bicicletas e a
venda ambulante de recordações e alimentos);
» A regeneração
urbana, com o renascimento de bairros e zonas que estavam em franca decadência;
»» O sector imobiliário “mexe” com os novos hostel e arrendamentos turísticos
(arrendamentos ao dia ou à semana), em desfavor do arredamento normal (mensal)
o que traz consigo uma distorção do mercado de arrendamento: o aumento do preço
das casas para arrendar.
Os turistas dos novos tempos gostam de se misturar com as
populações locais, viverem como vivem e comerem o que elas comem e
deslocarem-se nos mesmos transportes. Para além, claro, das habituais visitas
aos locais culturais (monumentos e museus).
Aqui
chegados, importa abordar as questões que interessam a Matosinhos, no que ao
turismo respeita:
Foi construído o novo Terminal de Passageiros no Porto de
Leixões. É uma obra grandiosa, bela, mas de custos de construção [diz-se que
superior a 50 M€ (ainda ninguém negou)] e de manutenção astronómicos, e que não
trará qualquer benefício ao Estado Português que tudo suporta. Os mesmos efeitos
conseguir-se-iam com uma construção mais funcional e prática.
Os enormes navios de turismo estarão no nosso Porto de
Leixões não mais que 12 horas. Algumas centenas de passageiros irão, em
autocarros, para a vizinha cidade do Porto, para as habituais visitas
pré-determinadas e pré-contratadas: o Palácio da Bolsa, as Caves do Vinho do
Porto, e darão uma pequena volta pela cidade, especialmente na zona histórica.
Em Matosinhos, propriamente dito, muito poucos ficarão a
“turistar”. Nada há que os atraia e as redondezas do Porto de Leixões, perto do
terminal, é aquilo de todos conhecemos. As escassas zonas verdes estão maltratadas
e o pavimento dos passeios, além de esburacado, é muito irregular, para além do
aspecto que transmite a existência de umas “esplanadas” na via pública e as
“cozinhas” ao ar livre, numa zona infestada de gaivotas que, esvoaçando,
espalham o lixo pelo ar. Very typical,
indeed!!
Todos devemos ter consciência que os turistas, na sua
maioria, são pessoas de idade avançada, com problemas de locomoção e o cais de
embarque/desembarque fica a umas largas centenas de metros de terra. Por seu
lado, o velhinho terminal, do lado de Leça da Palmeira fica a algumas dezenas
de metros da via pública, é pouco utilizado.
E era bom conhecer-se quantos turistas pernoitam nas
pensões e hotéis da nossa cidade, porque, não obstante as múltiplas festas e
eventos organizados no concelho, não atraem turistas mas tão-só excursionistas.
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Turista – é aquele que se desloca por um período superior
a 24 horas, pernoitando.
Excursionista – é aquele que se desloca por períodos
inferiores a 24 horas, não pernoitando.
IN Jornal de Matosinhos nº 1803, de 10 de Julho de 2015
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