Muito recentemente, alguns jornais deram à estampa uma notícia de que o resto da nossa comunicação social silenciou e não ouvi ninguém, mas mesmo ninguém, falar do assunto.
Eis os factos:
Um automóvel teve de parar numa passadeira para deixar passar um peão. Como este não fizesse rapidamente a travessia, o companheiro da condutora saiu da viatura e agrediu violentamente o transeunte que teve de receber tratamento no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, tendo vindo a falecer no dia seguinte. Consumada a agressão, a viatura fugiu abandonando a vítima a sangrar.
Era negro o transeunte? Não!
Era estrangeiro? Não!
Era muçulmano? Não!
Era apenas branco, de 67 anos de idade e deficiente por amputação de um membro posterior e, como tal, deslocava-se mais lentamente que um cidadão escorreito.
Fosse o agredido negro, muçulmano, estrangeiro, vinham logo a terreiro as conhecidas ONG, nacionais ou estrangeiras, falar em xenofobia, em racismo, em tudo ou mais alguma coisa. Os partidos de esquerda viriam logo a terreiro pedir a cabeça do autor da agressão, desse malfadado nazi-fascista.
Mas como o agredido era deficiente e branco, nenhuma voz da nossa praça se levantou em sua defesa. Agredir violentamente quem se não pode defender não é nota digna de registo na comunicação social que temos. Notícia era se a vítima, mesmo que podendo defender-se do agressor, fosse de outra raça ou credo ou território de origem. Do facto teríamos longas horas de debates televisivos, em todos os canais, ad nauseam, como sempre nestes casos.
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Outra curiosidade deste pobre País.
Um partido político realizou uma corrida de touros. Até aqui nada de novo. Também a RTP o faz, assim como outras organizações, sem que a “ANIMAL” proteste.
Quem é contra as touradas – espectáculo bárbaro – é contra todas elas independentemente dos organizadores. Nestes casos, como noutros, não há meios-termos: ou se é contra ou a favor do evento, independentemente da entidade organizadora.
Agora, ser contra umas e calar-se perante outras é um mau sinal e toda a actividade dos autênticos activistas contra as touradas perde força.
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